segunda-feira, 20 de abril de 2009

Palavras benditas

Muitas bocas caladas, muitos sorrisos desmanchados, muitos peitos choraram a dor da separação da pátria amada, da pátria rejeitada. Muitas idéias escondidas, sentimentos amargurados, saudade, receio, temor, ódio, medo, dor. Dor esta que pôde ser dita dura, dura ao ponto de magoar sentimentos ou simplesmente amordaçá-los, dura ao ponto de matar. A dor do silêncio que invadia nossas palavras, a falta de palavras, a vontade de falar, falar palavras descartadas, palavras doloridas, palavras malditas, que só quem sofreu as fortes pancadas pôde sentir o peso das palavras ditas. Regime de palavras, palavras trocadas por letras ordenadas, palavras escondidas por detrais de símbolos que nada significava aos olhos de quem via as simples “asneiras” de que as escrevia. Palavras indiretas, discretas, querendo tornar-se diretas já, já que se diretas fossem causariam dor de se expressar. Momentos de tortura, cadeias, celas, prisão, o retrato da maldita imposição. Queremos direito de nos expressar, direito de pisar no nosso chão, de morrer na pátria amada. Queremos o direito de falar nossas palavras, de inventar novas palavras e que sejam diretas ao ponto de cortar pela raiz toda e qualquer forma de repressão. Queremos o direito de escolher nossos próprios representantes, de lutar pelo que desejamos, de fazer valer a vida, de botar pra fora do nosso peito a dor da pátria mãe aflita. Sentimos muito ao desejar justiça social. Queremos ser felizes, com nossas palavras ditas e escritas, com nossas idéias benditas, com nosso amor. (por Beatriz Rodrigues)


“No dia 1.º de abril de 1964, iniciava-se a ditadura militar no Brasil. Perseguições políticas, tortura, morte e grandes agitações culturais e sociais são os aspectos mais lembrados pelos brasileiros quando se fala no período — apesar de muita gente acreditar que as gerações mais novas não dão a devida importância ao regime no Brasil.”( Por Ederson Prestes Santos Lima e Diogo Dreyer)

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